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 Apelo para a Renovação da Consagração de Portugal

ao Imaculado Coração de Maria e ao Sagrado Coração de Jesus

 

«Enquanto houver portugueses Tu serás o seu amor»

 

Ao Senhor Presidente de Conferência Episcopal Portuguesa,

Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa, Senhor D. Manuel Clemente

 

Eminência Reverendíssima,

 

Nós, os subscritores deste apelo, não nos demoraremos muito a dizer ao que vimos, pois os tempos actuais, que todos vivemos no nosso País e no mundo, não estão para demoras.

 

Portugal, à semelhança de outros países europeus, está numa crise sanitária das mais graves, senão a mais grave das últimas décadas ou século, devido à pandemia da COVID-19.

 

As consequências para a vida de cada um de nós individualmente, quer do ponto de vista da saúde quer económicas assim como para cada família, a nação e a sociedade no seu todo, são, neste momento, previsivelmente as mais gravosas que se podem imaginar: profunda alteração dos hábitos quotidianos e das condições físicas e psíquicas de bem-estar; doentes crónicos e alguns agudos sem acesso a assistência médica, devido ao esgotamento e superlotação hospitalar; mortes, com famílias ainda mais reduzidas e acréscimo de pessoas idosas solitárias; desemprego a níveis nunca vistos, com falências de empresas; ruina, fome, etc. etc.; enfim, um flagelo que não deixa de trazer à memória aqueles outros infligidos ao povo egípcio em tempos bíblicos ou no século XX em tempo das duas guerras mundiais!

 

Ontem mesmo, como já é do conhecimento público, foi decretado pelo Presidente da República o estado de emergência, cujas limitações de algumas liberdades e garantias constitucionais foram impostas certamente em nome do superior bem-comum.

 

A Nação Portuguesa, ainda que modernamente mais secularizada e muito esquecida da sua multisecular Fé Católica, mantem uma relação muito particular e de grande afecto e devoção com a Santíssima Virgem Maria, Nossa Senhora e Rainha. Basta ver as multidões de povo anónimo que, ainda hoje, acorrem aos seus santuários marianos espalhados por todo o País. Ela própria, na Glória celeste de que já usufrui em corpo e alma, nos visitou há pouco mais de cem anos na Cova da Iria, em Fátima. Quanto ao conteúdo da mensagem e veementes exortações que nos deixou, não será certamente necessário recordar Vossa Eminência. A Ela, a Imaculada Conceição, assim como ao Seu Coração Imaculado, se consagrou Portugal já inúmeras vezes, quer pela voz autorizada de Chefes de Estado quer, em época mais recente, pela iniciativa da Hierarquia da Igreja.

 

É assim que, nesta aflitiva hora, confrontados com esta gravíssima crise que se afigura de trágicas consequências para os portugueses, vimos apelar a Vossa Eminência, enquanto Presidente da Conferência Episcopal, que desencadeie a iniciativa de propor a todos os bispos de Portugal – diocesanos, ordinário castrense, auxiliares, eméritos, arcebispos e cardeais, actualmente residentes em Portugal ou em Roma, absolutamente todos – a renovação solene e pública da consagração de Portugal não só ao Imaculado Coração de Maria, mas concomitantemente ao Sagrado Coração de Jesus.

 

No caso de ser complicado reunirem-se na presença física uns dos outros (ainda que na adequada distância sanitária) numa igreja, a referida cerimónia conjunta dos membros portugueses do Colégio Episcopal, poderia fazer-se através dos meios electrónicos de modo a que todos os residentes no nosso País que o desejassem pudessem participar, assistindo. Como Vossa Eminência saberá, o próprio Santo Padre Francisco, perante a catastrófica situação em Itália e no mundo, não hesitou em recorrer recentemente à prática de antigas devoções deste tipo em Roma, apelando para uma intervenção particular do Céu, por intercessão da Virgem Santíssima.

 

Estamos certos de que o simples anúncio, a breve prazo, desta iniciativa traria desde já graças a muitas almas; e até aliviaria a perturbação dos naturalmente mais ansiosos. Todos os portugueses, residentes no território pátrio ou espalhados pelo mundo, crentes e não-crentes, poderiam aproveitar de tão urgente acto por parte daqueles que são, nas diversas dioceses, os Vigários visíveis do divino Pastor das ovelhas. Nesta hora, o testemunho público do inteiro Corpo de Cristo (clero, leigos e religiosos) – não só o testemunho privado – parece-nos de particular relevância.

 

Enquanto aguardamos por uma resposta positiva a este veemente apelo, que através de Vossa Eminência dirigimos a todo o Episcopado de Portugal, creia-nos, Senhor D. Manuel Clemente, em união orante para que o Céu aplaque as repercussões desta pandemia sobre todos nós.

 

– Santa Maria, rogai por nós!

– Saúde dos enfermos, rogai por nós!

– São José, Patrono da Igreja, rogai por nós!

 

 

Lisboa, 19 de Março de 2020

Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria

 

 

João Duarte Bleck

Maria Amélia José de Mello Bleck

José Maria José de Mello Bleck

Maria Helena José de Mello Bleck

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